
O cenário dos fertilizantes no Brasil é caracterizado por uma significativa dependência das importações, desafios econômicos e avanços tecnológicos que visam aumentar a eficiência e sustentabilidade do setor.
O Brasil ocupa a posição de quarto maior consumidor mundial de fertilizantes, representando cerca de 8% das importações globais. Aproximadamente 80% do consumo interno é proveniente do exterior. Em 2024, as entregas mantiveram-se estáveis em torno de 45,6 milhões de toneladas; para 2025, espera-se um crescimento entre 2% e 7%, podendo atingir um volume recorde entre 45 e 46,6 milhões de toneladas, impulsionado pela safra recorde de grãos e pela demanda constante dos produtores rurais.
Apesar do aumento na produção local em 2024, com um crescimento de quase 4% devido à inauguração e expansão de unidades produtivas, como a da Eurochem em Minas Gerais, a oferta nacional ainda é insuficiente para atender à crescente demanda. Projetos importantes, como a retomada da planta de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas (MS) e a reativação de outras unidades, indicam investimentos de R$ 35 bilhões até 2030 para ampliar a produção interna.
Os principais nutrientes fornecidos pelos fertilizantes são nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), essenciais para a produtividade agrícola. O Brasil possui reservas limitadas de fósforo e potássio, minerais estratégicos para o país, o que reforça a dependência das importações, especialmente do potássio, cuja produção local é mínima. A mineração nacional não basta para suprir a demanda, e o país importa grande parte desses insumos de um pequeno grupo de fornecedores internacionais.
O setor brasileiro de fertilizantes vem incorporando tecnologias para aumentar a eficiência do uso dos nutrientes e reduzir impactos ambientais. Destacam-se:
- Fertilizantes organominerais, que combinam matéria orgânica e mineral para melhorar a disponibilidade de nutrientes e a sustentabilidade do solo.
- Fertilizantes especiais e de origem biológica, que atendem demandas específicas e contribuem para a agricultura de precisão.
- Tecnologias emergentes como amônia verde, reciclagem de nutrientes, uso de ciência de dados e agricultura de precisão, que prometem reduzir a dependência dos fertilizantes tradicionais NPK e mitigar emissões de gases de efeito estufa.
- Desenvolvimento de fontes de fertilizantes adaptadas ao ambiente tropical brasileiro, visando maior eficiência na absorção dos nutrientes e menor impacto ambiental.
O setor enfrenta desafios como o aumento dos preços dos fertilizantes, especialmente do fosfato monoamônico (MAP), que teve alta de 20% em relação à safra 2024/25, pressionando os custos de produção agrícola. A valorização do dólar e a alta taxa de juros dificultam investimentos e encarecem insumos importados.
Além disso, há preocupação com a tributação do setor. O Convênio 26, que mantém a alíquota de ICMS em 4% para fertilizantes nacionais e importados, expira no final de 2025. Caso não seja renovado, o retorno ao Convênio 100 aumentaria a carga tributária sobre fertilizantes nacionais para 8,4%, enquanto os importados ficariam isentos, o que pode prejudicar a competitividade da produção local e aumentar ainda mais a dependência externa.
Para reduzir a dependência externa e fortalecer o setor, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Fertilizantes 2050, que visa ampliar a produção competitiva, incentivar a pesquisa, fortalecer a infraestrutura logística e promover políticas fiscais favoráveis. O programa Invest in Brazil Fertilizers, uma parceria entre Sinprifert e ApexBrasil, busca atrair investimentos e facilitar o acesso ao mercado brasileiro.
Essas iniciativas são fundamentais para garantir a segurança do abastecimento, a estabilidade de preços e a sustentabilidade ambiental, alinhando o setor de fertilizantes com os princípios ESG e a baixa emissão de carbono, essenciais para o futuro do agronegócio brasileiro.
Em resumo, o mercado de fertilizantes no Brasil está em expansão, com crescimento previsto para 2025, mas enfrenta desafios estruturais, econômicos e ambientais. A combinação de investimentos em produção local, inovação tecnológica e políticas públicas estratégicas será decisiva para garantir a competitividade e sustentabilidade do setor no longo prazo.